Meu Perdão




Você se foi cedo, precisávamos um do outro,
Faria o que fosse necessário para tê-la de volta.
Lançar-me-ia do vigésimo andar de um prédio,
Se assim pudesse agarrar-me a ti.
A ideia de destino não me agrada de tal maneira,
Lembro-me quando pediu quase sem forças,
Que fosse honrado e virtuoso, que concedesse o perdão. Eu o fiz!
 Realizei seu ultimo pedido, porém concedi aos outros, não a mim.
 Más lembranças são como estilhaço mal removido.
Cicatrizam superficialmente, mas por dentro ainda continuam ferindo.
Folheei velhos escritos buscando inspiração; revirei meu antigo baú e
Nada encontrei.
Levei a mão ao peito, para ver se algo nele ainda batia,
Num momento de fúria e desespero, agarrei o punhal.
E quando ia desferir brutalmente um golpe contra meu peito,
Eis que vejo sua foto sorrindo, e isso trouxe à vida lembranças suas,
Então pude dar o perdão a quem mais merecia, e me entreguei o perdão.

Moinhos de Vento





Novamente acordo em meio à noite
Acossado por essa lucidez involuntária...
Meus dois únicos amigos; meus braços,
Hoje não podem me aquecer.
Queria estar dormindo­, quem sabe
Sonhasse com os áureos tempos de minha infância?
Tempos não tão hostis quanto os d’agora.
Porém mascarados pela venda da inocência
Que fora usurpada de mim
Quando o mundo cobrou-me consciência.
Volto a nutrir grande desdém pelo mundo,
Enfureço- em vão e ao final percebo
Que venho sendo nada mais que um Dom Quixote
Lutando contra meus moinhos de vento.



Madrugada De 21/09/2011
 

Sobre o autor

“Escrevo pela simples necessidade de sentir meus próprios sentimentos e ouvir meus pensamentos que vagam sem ressonância neste mundo de surdos. Eu escrevo pra tentar compreender a mim mesmo, não para responder questões às quais nunca saberei a resposta.(Roberto Codax)

Roberto Codax. Tecnologia do Blogger.