Pra quem não tem nada, um pouco seria mais que suficiente.



Meu coração se contraiu!
Está murcho tal qual ameixa seca,
Após esvair-se em sangue.
Oh infância! Por que fostes
e não levou consigo a sensibilidade?
Por que me permite sentir aquilo
que para outros é indolor?
Meu mundo de fantasias desmoronou
com o lençol que cobria a minha tenda,
Mostrando para mim a verdadeira face do mundo.
Rostos rudes, gestos hostis se expuseram perante a mim.
Ao invés do mel, senti o gosto do ferro,
advindo do sangue que escorria por meus lábios,
O verde das arvores que desenhava,
ganharam pequenos pontos vermelhos,
Tom natural, decorrente do sangue
que pingava dos meus ferimentos.
Um dia fugi! O sol sempre vem
me confortar depois de uma noite fria,
Mas logo depois maltrata minha pequena face.
Por que manter-me vivo?
Se até a natureza me rejeita!
Ás vezes a chuva lava meu rostinho,
O vento que balança o cabelo dos outros,
em sussurros me diz que sou igual.
Mas eles não ouvem, e como sempre estou só!
Ignorado por essa espécie racional,
porém ouvido pelo vento.
Num mundo onde apenas o meu eco
Me responde sempre com a mesma pergunta.



Sobre o autor

“Escrevo pela simples necessidade de sentir meus próprios sentimentos e ouvir meus pensamentos que vagam sem ressonância neste mundo de surdos. Eu escrevo pra tentar compreender a mim mesmo, não para responder questões às quais nunca saberei a resposta.(Roberto Codax)

Roberto Codax. Tecnologia do Blogger.